Netanyahu, que é capitão no exército israelense e veterano da Guerra do Yom Kippur, construiu sua carreira política com base nesse discurso rigoroso. No entanto, a recente ofensiva do Hamas pegou o governo israelense de surpresa, com um fracasso do aparato de inteligência em prever o ataque. A demora em preparar uma resposta resultou em um grande número de mortes de civis. Essa situação fragilizou ainda mais a posição de Netanyahu, que sempre se destacou como uma figura capaz de manter os israelenses seguros.
Além disso, o primeiro-ministro já enfrentava dificuldades para preservar sua força política antes mesmo do conflito. Seu governo, eleito em 2022, é formado por uma coalizão de partidos de direita e extrema-direita que também defendem a repressão aos palestinos. No entanto, a escalada da guerra e a falta de previsão do ataque do Hamas comprometem ainda mais sua posição de liderança.
Karina Calandrin antecipa que Netanyahu enfrentará pressão e escrutínio, podendo perder ainda mais popularidade. Embora ainda possua maioria no governo, a especialista acredita que o primeiro-ministro pode ser alvo de uma moção de desconfiança no parlamento israelense. Essa medida, se aprovada, obrigaria o governo a apresentar soluções para recuperar sua maioria ou até mesmo indicar um novo líder. No entanto, é improvável que essa moção seja capaz de derrubar de vez o governo de Netanyahu, representando mais um impacto simbólico do que material.
Antes do início da guerra, a principal preocupação de Netanyahu era sua proposta de reforma judicial, que enfrentava forte oposição popular. A nova lei enfraqueceria a Suprema Corte de Israel, considerada um freio para as decisões do governo. No entanto, devido à escalada do conflito, a discussão sobre a reforma foi interrompida, enfraquecendo ainda mais Netanyahu.
No curto prazo, a guerra afetou negativamente a popularidade do primeiro-ministro. No entanto, é difícil prever como ela pode influenciar seu governo ao longo dos próximos anos. Apesar do enfraquecimento atual, Netanyahu ainda possui três anos de mandato até a próxima eleição. Se a eleição fosse realizada nesta conjuntura, Karina não tem dúvida de que o resultado seria desfavorável a seu governo.
Nesse sentido, a guerra contra o Hamas trouxe instabilidade política e fragilizou a liderança de Benjamin Netanyahu, tendo consequências na sua política externa e na proposta de reforma judicial. O futuro do primeiro-ministro de Israel é incerto, com desafios que podem se agravar nos próximos meses e até anos.