Ailton Krenak, nascido na região do vale do rio Doce, em Minas Gerais, é do povo Krenak, cujo território foi afetado pela atividade de extração de minérios. Além de escritor, ele é um renomado ativista do movimento socioambiental e de defesa dos direitos indígenas.
A Funai destacou a participação de Krenak na defesa dos direitos indígenas durante a elaboração da Constituição de 1988, que celebra 35 anos. Segundo Joenia Wapichana, ele foi o líder indígena que lutou pelos direitos indígenas na Constituição e transformou a pintura do rosto em uma mensagem de resistência dos povos indígenas do Brasil. Elogiando a conquista de Krenak, chamou-a de merecida.
Com 23 votos, Ailton Krenak foi eleito para ocupar a cadeira de número 5 da ABL, que pertencia a José Murilo de Carvalho, falecido em agosto deste ano. Ele concorreu com a historiadora Mary del Priore e o também escritor indígena Daniel Munduruku, que receberam, respectivamente, 12 e quatro votos.
A data da posse ainda não está definida, mas o escritor já recebeu os parabéns e os reconhecimentos de diversas instituições e representantes. Krenak é comendador da Ordem de Mérito Cultural da Presidência da República e doutor honoris causa pela Universidade Federal de Minas Gerais e pela Universidade Federal de Juiz de Fora.
Além disso, ele organizou a Aliança dos Povos da Floresta, que reúne comunidades ribeirinhas e indígenas na Amazônia, e contribuiu para a criação da União das Nações Indígenas (UNI). Ele também foi coautor da proposta da Unesco que criou a Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço em 2005.
Ailton Krenak é autor de diversos livros, como “Ideias para adiar o fim do mundo” (2019), “A vida não é útil” (2020), “Futuro ancestral” (2022) e “Lugares de Origem” (2021), este último escrito em parceria com Yussef Campos.
Em suas obras, Krenak aborda questões atuais, como a pandemia da covid-19, e valoriza a cultura indígena, mostrando que ela tem muito a ensinar às sociedades capitalistas. Ele ressalta a importância de se reconectar com a natureza e de viver o momento presente, pois nunca se sabe o que o amanhã reserva.
Com a eleição de Ailton Krenak para a Academia Brasileira de Letras, o Brasil dá um importante passo para a valorização da diversidade e para a representação dos povos indígenas nas mais altas esferas literárias e culturais do país.