Nascido em Utinga, na Bahia, o escritor mudou-se para São Paulo aos oito anos de idade. Sua cidade natal serviu de inspiração para a cidade imaginária de Curiapeba, situada na Chapada Diamantina baiana. Theodoro trazia para seus contos as lendas e histórias que ouvia quando criança.
Alguns de seus livros eram impressos com uma reprodução do mapa da cidade imaginária, onde habitavam personagens que eram baseados em amigos reais do autor. Esses personagens também se tornavam retirantes e partiam em busca de uma chance de sucesso nas grandes capitais do Sudeste.
Durante sua infância e juventude, Theodoro testemunhou o crescimento de Mauá, município quase rural na região metropolitana de São Paulo. Aos 11 anos, ele conheceu a cidade e acompanhou seu desenvolvimento ao longo dos anos.
Em uma entrevista ao Diário do Grande ABC, o escritor contou que, quando era jovem, seu pai construiu um pequeno cômodo separado da casa para ele, onde pudesse desfrutar de seus discos e ler sem incomodar o restante da família. No entanto, esse cômodo era apertado e não permitia visitas. Vale ressaltar que, embora seu pai fosse um adventista fervoroso, Theodoro se tornou ateu.
Mais tarde, ele se referiu à sua própria casa como “Toca Filosófica”, em homenagem ao seu primeiro refúgio artístico. Foi neste lugar que assinou muitos de seus textos publicados em blogs autorais pouco antes de sua morte.
Apesar de não beber, Theodoro era um frequente frequentador de bares em Mauá, onde passava horas debatendo sobre literatura com amigos escritores. Um dos bares mais movimentados da cidade na década de 1960, o Bar do Yugo, foi o local onde ele conheceu os amigos que fundaram com ele o Colégio Brasileiro de Poetas. O grupo realizava eventos sobre literatura, divulgando a produção artística local e organizando o primeiro congresso literário da região. Theodoro foi premiado nos principais concursos literários.
Além de deixar quatro irmãos, Theodoro também deixa uma biblioteca com pelo menos 10 mil livros e arquivos contendo mais de 4.000 recortes de jornais e revistas, que documentam principalmente a cena literária de Mauá.
A morte de Aristides Theodoro representa uma grande perda para a literatura brasileira, especialmente para a região do ABC Paulista, onde ele era uma referência artística e um grande incentivador da produção literária local. Sua contribuição para a literatura e sua dedicação à escrita serão sempre lembradas.
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