CPMI sobre ataques antidemocráticos colhe 19 depoimentos e busca financiadores dos atos golpistas

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os ataques antidemocráticos ocorridos em 8 de janeiro de 2023 já ouviu 19 depoimentos desde o início dos trabalhos, em maio, até a última semana de setembro. Esses depoimentos incluem hackers, condenados por tentativa de explosão de bomba, oficiais das Forças Armadas, integrantes das polícias e até ex-ministros. Restam apenas sete semanas para o prazo final de funcionamento da CPMI, que é até 20 de novembro.

Na terça-feira (3), está agendado o depoimento do empresário Argino Bedin, que foi investigado como um dos possíveis financiadores dos atos golpistas. Já na quinta-feira (5), o subtenente da Polícia Militar Beroaldo José de Freitas Júnior será ouvido. Ele participou da defesa do Palácio do Congresso durante os ataques.

O presidente da comissão, deputado Arthur Maia, e a relatora, senadora Eliziane Gama, afirmaram que pretendem concluir os trabalhos antes do prazo estipulado. O relatório final deve ser apresentado em 17 de outubro. Eliziane também mencionou a possibilidade de convocar o ex-ministro Mauro Cid para um novo depoimento, além de desejar ouvir os últimos comandantes militares da gestão de Jair Bolsonaro. Segundo ela, esses comandantes foram citados na delação premiada de Mauro Cid, que apontou uma possível reunião realizada no dia 24 de novembro para planejar uma ação golpista.

O presidente da CPMI enfatizou a importância de investigar as fontes de financiamento dos ataques antidemocráticos e afirmou que é fundamental ouvir as pessoas apontadas como financiadores. Até o momento, ninguém foi ouvido a respeito disso.

A lista de depoimentos já realizados inclui diversas autoridades. Entre eles, o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques, que negou que a instituição tivesse prejudicado eleitores de Lula nas eleições de 2022; o delegado Leonardo de Castro, que afirmou que os condenados pelo atentado a bomba também participaram da tentativa de invasão da Polícia Federal; e o hacker Walter Delgatti Neto, que relatou ter conversado com Bolsonaro sobre urnas eletrônicas a pedido da deputada Carla Zambelli.

Além disso, outros depoimentos relevantes foram dados por oficiais das Forças Armadas, como o coronel da PMDF Jorge Eduardo Naime, que afirmou que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) alertou sobre as ameaças de invasão e depredação das sedes dos três Poderes; o coronel do Exército Jean Lawand Junior, que negou que as mensagens trocadas com Mauro Cid fossem um estímulo a um golpe de Estado; e o general do Exército Gustavo Henrique Dutra de Menezes, que negou ter sido pressionado para manter o acampamento golpista perto do quartel-general do Exército em Brasília.

A CPMI continua seu trabalho, buscando esclarecer os atos e omissões durante os ataques antidemocráticos, e segue reunindo evidências para o relatório final que será apresentado em outubro.

Sair da versão mobile