PSB negocia ida de Márcio França para Ministério de Micro e Pequena Empresa em proposta mais robusta, mas enfrenta impasse com Lula

O Partido Socialista Brasileiro (PSB), ao qual o vice-presidente Geraldo Alckmin está filiado, está negociando a ida do ex-governador de São Paulo, Márcio França, para o Ministério de Micro e Pequena Empresa. No entanto, a proposta apresentada ao presidente Lula (PT) no Palácio do Planalto na terça-feira (5) sugere um ministério mais robusto para França.

Márcio França, que atualmente é ministro de Portos e Aeroportos, tem resistido a assumir a nova pasta proposta por Lula devido ao seu baixo orçamento e também por não querer competir com o vice-presidente Alckmin. Além disso, seus aliados veem a mudança como um desprestígio. Os aliados de Lula esperavam que Alckmin abrisse mão do comando do Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviço em favor de França, mas isso não ocorreu.

Diante do impasse, Lula chegou a indicar que adiaria a criação do ministério como forma de pressionar o PSB a chegar a um acordo. No entanto, agora, o presidente discute a possibilidade de França assumir a nova pasta, o que incluiria a transferência da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) para o ministério e a criação de uma diretoria de microcrédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Na semana passada, Lula anunciou a criação do Ministério da Pequena e Média Empresa, que foi ofertado inicialmente ao Partido Progressista (PP), juntamente com o Ministério dos Esportes. No entanto, a configuração não teve o aval final da Casa Civil. Agora, o governo busca negociar com o PSB, oferecendo a pasta de Portos e Aeroportos ao Republicanos em troca da ida de Márcio França para o novo ministério.

Inicialmente, França resistiu à possibilidade de assumir a nova pasta por considerá-la muito pequena para seu partido, que apoiou Lula desde o começo. Na terça-feira, houve uma reunião na sede do PSB em Brasília, com a presença do presidente do partido, Carlos Siqueira, Geraldo Alckmin, Márcio França e o prefeito de Recife, João Campos. Após o encontro, todos almoçaram com Lula no Palácio do Planalto, quando a proposta de um ministério mais robusto foi apresentada.

Espera-se que Lula finalize essa negociação nesta quarta-feira (6), antes de embarcar para a Índia para participar da reunião do G20. O líder do Executivo transferiu suas agendas do Palácio do Planalto para o Alvorada e cancelou uma cerimônia na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para se dedicar à reforma ministerial.

As mudanças na Esplanada estão em discussão desde junho e têm como objetivo abrir espaço para o PP e o Republicanos no primeiro escalão do governo. A proposta atual é que o deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) assuma o Ministério de Portos e Aeroportos, e Márcio França assuma o Ministério de Micro e Pequenas Empresas. Já o líder do PP na Câmara, André Fufuca (MA), assumiria o Ministério dos Esportes.

No entanto, segundo informações do jornal Folha de S.Paulo, o PP tem resistido a aceitar a pasta do Esporte nas condições oferecidas e busca aumentar as suas atribuições. O partido deseja a criação de um Fundo Nacional do Esporte, abastecido com recursos provenientes da tributação de apostas, o que enfrenta resistência por parte do governo. O impasse tem levantado dúvidas sobre as chances de um acordo entre o partido e o governo.

O Planalto informou aos parlamentares do PP que cabe a eles fazer a articulação no Congresso para garantir que a Secretaria de Apostas fique sob a competência do Ministério do Esporte, o que irritou o partido. O PP também espera um compromisso do governo de que o setor de apostas ficará sob a responsabilidade do Esporte, mesmo que a previsão inicial fosse de que fosse para o Ministério da Fazenda.

Com essa novela da reforma ministerial se arrastando há mais de dois meses, espera-se que Lula conclua as negociações ainda hoje, para garantir o bom funcionamento do governo e acomodar os partidos aliados.

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