Especialista em adaptação climática e membro do IPCC, o painel da ONU sobre as mudanças do clima, Edmond Totin diz que o acesso aos recursos permanece muito mais difícil para a África do que para o resto dos países do mundo.
“Os países da África subsaariana têm as taxas mais elevadas de rejeição de projetos para o Fundo Verde do Clima. Além disso, mais da metade dos fundos que são obtidos são realmente disponibilizados”, afirma.
“São aspectos que tornam a questão toda complexa e expõem ainda mais os países africanos. Precisamos simplificar os mecanismos de acesso ao financiamento, aumentar a disponibilidade de recursos e reduzir os prazos envolvidos”, observa o professor da Universidade Nacional de Agricultura do Benim, à RFI.
Promessas de US$ 23 bilhões
Embora a África contribua com apenas 2 a 3% das emissões mundiais de gases de efeito estufa despejados na atmosfera, o continente é o que mais sofre com os impactos do aquecimento global, já que as infraestruturas deficientes e a pobreza elevada tornam os episódios de seca e enchentes ainda mais dramáticos.
Durante os três dias de reuniões, um total de US$ 23 bilhões em investimento internacional foi prometido para a região, disse o presidente do Quênia, William Ruto. Neste valor, estão incluídos os US$ 4,5 bilhões oferecidos pela presidência da próxima 28ª Conferência Mundial do Clima (COP28) – que será realizada em dezembro em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
A Cúpula Africana do Clima ocorreu a 100 dias do evento global organizado pela ONU. Até lá, os países africanos pretendem continuar as negociações com vistas a chegar à principal reunião sobre clima do ano com um posicionamento afinado, enquanto bloco, nas negociações comandadas pela ONU.
O consenso não tem sido fácil num continente onde 1,4 mil milhões de pessoas vivem em 54 países política e economicamente diversos, entre os quais alguns ainda fortemente dependentes dos combustíveis fósseis.