Estados Unidos conspirou
A vitória de Allende nas eleições presidenciais do Chile em 1970 foi seguida de uma série de eventos que indicam a intervenção direta dos Estados Unidos para impedir sua posse. Embora Allende não tenha alcançado a maioria absoluta, sua vitória deveria ser ratificada pelo Congresso Pleno em 24 de outubro. Antes disso, Allende e a Unidade Popular (UP) firmaram um Estatuto de Garantias Democráticas, que foi incorporado à Constituição, visando garantir a governabilidade e a estabilidade política.
No entanto, os Estados Unidos já conspiravam para impedir que Allende assumisse o cargo de presidente. Em 22 de outubro, dois dias antes da sessão do Congresso Pleno, o comandante em chefe do exército, general René Schneider Chereau, foi baleado de morte por um grupo ultradireitista. Esse grupo pretendia sequestrá-lo, a fim de provocar as forças armadas a realizar um golpe de Estado e impedir a posse de Allende.
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Documentos secretos revelados posteriormente e uma investigação do Senado estadunidense comprovaram que o governo dos Estados Unidos forneceu armas e dinheiro para essa operação terrorista. Um telegrama da CIA, transmitido no dia seguinte ao ataque, afirmava que “um excelente trabalho foi feito ao guiar o Chile até um ponto em que a solução militar é pelo menos uma opção para eles”. Além disso, o telegrama parabenizava os chefes da CIA e a estação por conseguir isso em circunstâncias extremamente difíceis e delicadas.
Esses fatos evidenciam a interferência direta dos Estados Unidos nos assuntos internos do Chile e em seu processo democrático. A intervenção estrangeira, através do fornecimento de recursos para uma operação terrorista, demonstra a intenção de impedir a posse de um presidente eleito pelo povo chileno. Essas ações violam os princípios básicos da soberania nacional e do respeito à vontade popular.
Aldo Anfossi | La Jornada, especial para Diálogos do Sul – Direitos reservados.
Tradução: Beatriz Cannabrava
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