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A pandemia impactou negativamente a produtividade das crianças brasileiras, retrocedendo uma década de progresso.

Influência da pandemia de Covid-19 causa retrocesso de uma década na produtividade das crianças brasileiras, aponta estudo do Banco Mundial

De acordo com um estudo recente do Banco Mundial, a pandemia de Covid-19 teve um impacto devastador na produtividade das crianças brasileiras, revertendo o equivalente a uma década de avanços conquistados anteriormente. O economista-chefe para desenvolvimento humano do Banco Mundial, Norbert Schady, classificou esse efeito como “devastador”, porém ressaltou que é possível compensar essa década perdida com políticas imediatas e assertivas para melhorar a qualidade da educação básica.

Os dados do relatório foram apresentados por Schady durante um evento promovido pela Fundação Lemann, nesta quinta-feira (24). Segundo o estudo, o Índice de Capital Humano (ICH) brasileiro caiu de 0,6 para 0,54 entre 2019 e 2021, atingindo o mesmo nível registrado em 2009. O ICH mede a produtividade futura de uma criança nascida hoje ao completar 18 anos de idade, considerando que as condições de educação e saúde se mantenham inalteradas.

Em outras palavras, de acordo com o indicador, um brasileiro médio nascido em 2019 alcançaria 60% de seu potencial aos 18 anos. No entanto, devido à pandemia, esse índice diminuiu para 54%. O ICH varia de 0 a 1, sendo que quanto mais alto o número, maior é a produtividade do trabalho no futuro. Ele é composto por aspectos que influenciam a formação de habilidades, como taxa de sobrevivência infantil até os cinco anos, acesso a aprendizagem adequada e indicadores de saúde durante a vida adulta.

Schady destacou que a pandemia teve um impacto especialmente negativo no Brasil devido à grande desigualdade já presente no país, afirmando que “a pandemia foi o evento mais devastador para o capital humano no mundo desde a 2ª Guerra Mundial”. Ele também mencionou que o Brasil foi um dos países que permaneceu com as escolas fechadas por um longo período durante a pandemia, resultando na redução do número de crianças matriculadas na educação infantil e na perda de aprendizado dos estudantes de todas as idades.

Diante desses resultados, Schady defende que a recuperação e aceleração da aprendizagem devem ser as prioridades das políticas públicas do Brasil nos próximos anos. A economista sênior do Banco Mundial, Joana Silva, concorda com essa abordagem, mas ressalta a importância de não se concentrar apenas no acesso à educação, mas também na qualidade. Ela afirma que os países que mais se desenvolveram e conseguiram melhorar significativamente seu capital humano não apenas ampliaram o acesso à educação, mas garantiram uma educação de qualidade para todos. Segundo Silva, esse deve ser o caminho para o Brasil alcançar resultados consistentes.

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