Brasil deve manter cautela em pautas desafiadoras com os EUA durante encontro dos Brics, indica análise da FecomercioSP.

O Brasil está prestes a participar do encontro dos Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que acontece em Joanesburgo, na África do Sul. No entanto, segundo o Conselho de Relações Internacionais da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), o país deveria evitar assuntos polêmicos durante essa reunião.

De acordo com o economista André Sacconato, coordenador do Conselho, com um cenário global turbulento, é melhor para o Brasil se distanciar de temas delicados que atravessam o bloco, como as relações conflituosas com Estados Unidos e China, e a invasão da Ucrânia pela Rússia. Sacconato ressalta que o Brasil deve aproveitar o encontro para discutir temas de interesse comum do grupo, como desenvolvimento humano, combate à pobreza, diminuição de barreiras alfandegárias e mudanças climáticas.

Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Xi Jinping (China), Cyril Ramaphosa (África do Sul), o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e o chanceler da Rússia, Sergey Lavrov, que representa Vladimir Putin, estarão presentes na reunião. Para a FecomercioSP, qualquer decisão tomada em solo sul-africano que aborde temas sensíveis pode prejudicar a posição brasileira no exterior.

Além disso, a FecomercioSP acredita que o Brasil deve garantir que nenhum outro país participe do bloco, pelo menos por enquanto. Mais de 20 países, incluindo a Argentina, o Irã e a Arábia Saudita, já manifestaram interesse em se tornar membros. Segundo Sacconato, aceitar novos países diluiria o poder de barganha do Brasil e aumentaria as chances de ter que referendar medidas com as quais não concorda. É importante evitar que o Brics se torne um bloco antagônico aos Estados Unidos e ao mundo ocidental.

Para Sacconato, o encontro também é uma oportunidade para discutir a possibilidade de uma moeda única entre os países-membros. Isso poderia ser uma alternativa ao dólar e Brasil e China já estão discutindo essa questão em suas trocas comerciais, utilizando o renminbi. No entanto, o economista ressalta que criar uma moeda única requer uma convergência de condições macroeconômicas, o que não é o caso atualmente, especialmente considerando a presença da Rússia no bloco.

O coordenador do Conselho de Relações Internacionais da FecomercioSP afirma que se o Brasil seguir essa agenda no encontro na África do Sul, será um êxito diplomático. Mesmo que não seja fácil, é necessário que o país evite assuntos polêmicos e trate de temas de interesse comum do grupo.

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