Segundo informações obtidas pela Folha de São Paulo, dois ex-integrantes da FAB, Marcos Denes de Santos Souza e Marcio Jose Muller, estão envolvidos no grupo investigado. Marcos foi alvo de busca e apreensão e teve seus bens sequestrados, enquanto Marcio, além das ações de busca e apreensão, teve um mandado de prisão preventiva expedido contra ele. A reportagem tentou entrar em contato com os ex-militares, mas não obteve resposta. A FAB também não se pronunciou até o momento.
De acordo com o juiz federal Victor Oliveira de Queiroz, responsável pela decisão autorizando a operação, os investigados fazem parte de uma organização criminosa, cada um desempenhando um papel essencial para a extração ilegal de minérios na Terra Indígena Yanomami. A estimativa dos agentes é que o grupo tenha causado um impacto socioambiental de cerca de R$ 1,2 bilhão e extraído aproximadamente R$ 700 milhões em ouro ilegal dessa região.
Além dos mandados de prisão preventiva e busca e apreensão, a Justiça determinou o bloqueio de cerca de R$ 300 milhões em bens dos investigados. A atividade garimpeira ilegal conduzida por esse grupo resulta em sérios danos ambientais, afetando a fauna, a flora e os recursos hídricos da região. Por isso, todos os envolvidos devem ser responsabilizados solidariamente, segundo o juiz.
A investigação aponta que o grupo era liderado por um empresário que possui 10 aeronaves e tem vínculos com cooperativas atuantes na mineração e agropecuária. Ele possui mais de dez processos em tramitação na ANM (Agência Nacional de Mineração) para obter autorizações de mineração. A polícia acredita que o empresário utilizava essas permissões para legalizar o ouro ilegal extraído da terra indígena.
A PF identificou quatro núcleos dentro do grupo investigado. O primeiro é responsável pelo financiamento, o segundo pelo “esquentamento” do minério proveniente de áreas irregulares, o terceiro é composto por pilotos e mecânicos envolvidos no transporte do minério, e o quarto é formado pelos garimpeiros. No caso de Marcio Muller, um dos ex-militares em questão, ele era responsável pela coordenação da logística aérea do grupo, pilotando as aeronaves e avisando os garimpeiros sobre operações de fiscalização.
Outro ex-militar, Santos Souza, fazia parte do núcleo de mecânicos do grupo, levando peças de reposição para as aeronaves utilizadas no garimpo ilegal na terra yanomami. De acordo com a PF, o homem suspeito de ter ligação com o PCC (Primeiro Comando da Capital) era um dos líderes desse mesmo núcleo. A investigação ainda revelou que as aeronaves utilizadas no garimpo também estavam envolvidas em outros crimes, como o tráfico de drogas.
Essa operação, além de combater a exploração ilegal de recursos minerais em áreas protegidas, demonstra a importância de uma fiscalização rigorosa e eficiente por parte do Estado para garantir a preservação dos territórios indígenas e a proteção do meio ambiente. As atividades ilegais causam danos irreparáveis à biodiversidade e aos ecossistemas, afetando não apenas as comunidades indígenas, mas também a sociedade como um todo.