De acordo com a senadora, um Relatório de Inteligência Financeira (RIF) fornecido pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) registrou uma movimentação superior a R$ 3 milhões, enquanto os rendimentos do sargento totalizavam pouco mais de R$ 238 mil entre 1º de fevereiro de 2022 e 20 de janeiro de 2023. O militar afirmou que está disposto a ter seu sigilo quebrado pela CPMI, uma vez que isso já foi feito pela Polícia Federal e o processo foi arquivado pela Procuradoria Geral da República.
No depoimento, a relatora apresentou uma lista de movimentações bancárias na conta de dos Reis. Dentre elas, Eliziane mencionou dois depósitos (R$ 18.140 e R$ 31.160) vindos de Vanderlei Cardoso de Barros, proprietário da madeireira Cedro do Líbano, que está sendo investigada pela Polícia Federal. Vanderlei transferiu mais de R$ 74 mil ao sargento por meio da Cedro do Líbano.
Segundo a senadora, a empresa possui um capital declarado de R$ 15 mil, mas movimentou mais de R$ 32 milhões entre 2022 e 2023, o que é discrepante em relação ao tamanho e à estrutura da empresa. A empresa fez um convênio com o governo federal durante a gestão anterior por meio da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (CODEVASF) para venda de equipamentos agrícolas.
Eliziane destacou também a venda de um veículo realizada por dos Reis por meio de uma procuração para Mauro Cid. O sargento vendeu um carro Yalis no valor de R$ 72.738 para uma professora por meio do site OLX. Depois, dos Reis gastou quase R$ 12 mil para consertar o veículo a pedido de Cid. Houve registros de movimentações de R$ 105 mil entre dos Reis e um sobrinho de sua cunhada, além de participação em um grupo de empréstimos que o sargento chamou de “consórcio”.
A senadora também citou 11 transações feitas por TED e Doc no valor de R$ 550 mil que ocorreram entre outubro, novembro e dezembro de 2022. Eliziane questionou se dos Reis conhecia o joalheiro Heitor Garcia dos Santos, que realizou transações superiores a R$ 25 mil com Mauro Cid e Adriano Alves, auxiliares da presidência. O militar deu explicações confusas e em vários momentos preferiu não mencionar os nomes dos envolvidos nas transações.
“Em torno da Ajudância de Ordens, vemos uma série de movimentações completamente estranhas e atípicas. Esses membros realizavam transações com o cartão corporativo do presidente. Essa teia de transações financeiras exige explicações, pois pode haver uma relação com o dinheiro que financiou o evento do 8 de janeiro”, declarou a relatora.
Além disso, o sargento enviou uma série de imagens ao empresário Vanderlei, datadas do dia 8 de janeiro de 2023. Luis Marcos dos Reis admitiu que participou da manifestação, chegando a subir a rampa do Congresso e registrando fotos e vídeos a partir das 16h, permanecendo no local por cerca de 40 minutos.