Um ponto consensual entre todos esses participantes é que não há uma única solução efetiva para resolver essa questão. É necessário um debate amplo e a busca por alternativas que englobem diferentes aspectos desse problema. Uma das discussões em pauta é a possível extinção do rotativo, que poderia ser substituído por um parcelamento de compras sem juros reestruturado.
Para entender melhor o contexto, é importante compreender o funcionamento do rotativo do cartão de crédito. Quando o cliente não paga o valor integral da fatura na data de vencimento, ele pode acionar o rotativo, que é uma linha de crédito pré-aprovada. No entanto, desde 2017, as instituições financeiras são obrigadas a migrar essa dívida para um crédito parcelado após um mês, que possui juros mais baixos.
Por outro lado, as compras também podem ser parceladas com ou sem juros. No parcelamento com juros, a instituição financeira faz o financiamento e cobra uma taxa adicional explícita no valor da prestação e no custo final do produto. Já no parcelamento sem juros, o comerciante não recebe o valor integral da compra de imediato, mas vai sendo pago à medida que as parcelas são quitadas pelo consumidor.
Existe uma relação direta entre o rotativo e o parcelamento de compras sem juros. Alguns teóricos argumentam que há um subsídio cruzado devido à inadimplência. Ou seja, o mesmo cliente que realiza várias compras parceladas pode, eventualmente, enfrentar dificuldades financeiras e não conseguir honrar o pagamento integral da fatura do cartão de crédito, caindo então no rotativo.
Diversas propostas estão sendo discutidas para solucionar o problema. Uma delas é a extinção do rotativo, direcionando automaticamente quem não paga a fatura integral do cartão para um crédito parcelado com uma taxa ao redor de 9% ao mês. No entanto, os bancos seriam os principais afetados com essa medida, pois haveria uma perda financeira considerável.
Outra possibilidade é a criação de uma tarifa para frear o parcelamento sem juros, aumentando a tarifa de intercâmbio cobrada dos lojistas. Isso poderia viabilizar a redução dos juros, porém poderia acabar sendo repassado ao consumidor final. Além disso, há discussões sobre a limitação do parcelamento sem juros de acordo com o tipo de bem de consumo.
No entanto, é importante ressaltar que ainda faltam estudos mais aprofundados sobre o tema para confirmar se há de fato uma relação de causalidade entre o rotativo e o parcelamento sem juros.
Em suma, a busca por soluções para reduzir os juros do rotativo do cartão de crédito é uma tarefa complexa que requer o envolvimento de diferentes atores. A extinção do rotativo e o redesenho do parcelamento sem juros são duas das possibilidades discutidas, mas existem muitos desafios a serem superados. O debate está em andamento e espera-se que uma proposta consolidada possa ser finalizada em até 90 dias.