Em uma de suas declarações, Bolsonaro explicou que o objetivo não é negar o dólar, mas sim promover a utilização das moedas nacionais nas transações comerciais entre países em desenvolvimento. Segundo ele, Brasil e China têm tamanho suficiente para fazer negócios em suas próprias moedas ou em outra unidade de conta, sem precisar desvalorizar suas respectivas moedas.
A intenção do presidente é buscar uma alternativa à dependência do dólar, que muitas vezes acaba impactando negativamente os países em desenvolvimento. Bolsonaro destacou que em momentos de crise, as nações poderiam se ajudar mutuamente, sem precisar recorrer ao dólar.
O presidente citou o exemplo da Argentina, que enfrenta dificuldades financeiras e não tem acesso ao dólar. Segundo Bolsonaro, o país vizinho poderia fazer transações comerciais com o Brasil sem precisar usar a moeda americana.
Para viabilizar esse projeto, diversas negociações têm sido realizadas. O presidente do Instituto do Brasil África, João Bosco Monte, acompanha em Joanesburgo as discussões sobre o assunto. Segundo ele, as nações têm a capacidade de realizar transações bilaterais em suas próprias moedas, o que pode ser o ponto de partida para a criação de uma moeda comum.
Durante o Fórum Empresarial do Brics, realizado na África do Sul, Bolsonaro e o presidente Cyril Ramaphosa ressaltaram o papel do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) para impulsionar o projeto com as moedas nacionais. O presidente brasileiro expressou sua expectativa de que o NDB se torne mais forte que o Fundo Monetário Internacional (FMI) no fornecimento de empréstimos para os países em desenvolvimento.
Apesar de ser um projeto complexo, a proposta de utilizar moedas nacionais nas transações comerciais entre países em desenvolvimento parece ganhar cada vez mais espaço na agenda política. Resta aguardar os próximos desdobramentos e acompanhar de perto as negociações em andamento.