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Pesquisa indica que investimentos crescem com mulheres em cargos de liderança e pessoas negras aumentam representatividade.

Lideranças femininas têm a capacidade de atrair até 60% mais investidores externos em comparação aos homens, enquanto chefes negros podem aumentar em até 1,8 ponto percentual a participação de trabalhadores pretos e pardos em suas empresas. Esses são os resultados de um levantamento realizado pelo Núcleo de Estudos Raciais do Insper a pedido da Fundação Lemann.

O estudo analisou 95 pesquisas nacionais e internacionais sobre diversidade de gênero e raça no mercado e na política, publicadas em livros e revistas acadêmicas nos últimos 20 anos. Segundo Michael França, doutor em teoria econômica pela USP, colunista da Folha e coautor do levantamento, as mulheres em posições de tomada de decisão tendem a adotar estilos de liderança mais colaborativos e inclusivos, o que é percebido pelos investidores como um indicativo de transparência e confiabilidade.

Além disso, as empresas lideradas por mulheres também tendem a implementar práticas de responsabilidade social corporativa mais consistentes e efetivas, promovendo melhorias sociais e ambientais além do que é exigido por lei. Isso inclui ações voltadas para a comunidade, como capacitações e cursos gratuitos, e a redução do impacto ambiental em processos de fabricação.

No que diz respeito à perspectiva racial, o estudo constatou uma forte associação entre a participação de trabalhadores negros e a identificação e compromisso dos líderes. Lideranças negras se identificam mais facilmente com candidatos pretos e pardos, entendendo os desafios enfrentados por eles e valorizando suas experiências. Devido às suas próprias vivências, os líderes negros tendem a ter um maior compromisso com a diversidade e inclusão, buscando criar ambientes de trabalho mais diversos.

Um exemplo do impacto positivo de lideranças inclusivas é o caso de Kelly Baptista, diretora executiva da Fundação B1. Liderando uma equipe composta por 75% de pessoas pretas ou pardas e 30% que se identificam como LGBTQIA+, Kelly conta que sempre liderou equipes diversificadas e não precisa adotar vagas afirmativas. As pessoas procuram trabalhar com ela por se enxergarem representadas em sua liderança, facilitando seu papel como líder.

Entretanto, existem barreiras que impedem o crescimento profissional de grupos minorizados, como a falta de representatividade e a discriminação. Deloise de Jesus, líder de equidade racial da Fundação Lemann, destaca a importância de mudar essa percepção para que esses grupos se sintam capazes de assumir cargos de liderança. Além disso, é necessário enfrentar os bloqueios sistêmicos, como a discriminação e o racismo, que afetam a autoestima, o acesso a recursos e o surgimento de oportunidades.

O estudo também ressalta outras barreiras enfrentadas pelas mulheres, como a desigualdade salarial acentuada após a gestação e o assédio sexual. Já para os homens e mulheres negros, a discriminação racial impacta suas carreiras.

Para Michael França, é essencial identificar todos os mecanismos de exclusão presentes na sociedade como um primeiro passo para promover mudanças significativas. A valorização da diversidade e o estímulo ao desenvolvimento de lideranças femininas e negras são fundamentais para construir um ambiente profissional mais inclusivo e equitativo.

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