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O futuro de Fernando Diniz e Dorival Júnior é incerto. Os treinadores estão pressionados e podem deixar seus cargos a qualquer momento.

O Fluminense surpreendeu o Olimpia, na primeira partida das quartas de final da Libertadores, ao jogar de maneira mais posicional do que é seu costume. Em vez de deslocamentos que levassem quatro a cinco jogadores a um lado do campo, Fernando Diniz abriu Arias bem perto da linha lateral pela direita, Keno do lado oposto.

O conceito é abrir o máximo possível o campo, para ampliar espaços que a linha defensiva do Olimpia tentava diminuir.

Deu certo.

Ainda que a decisão só vá acontecer na quinta-feira (31), em Assunção, a maneira como Fernando Diniz abriu mão de sua maneira preferida de atuar, porque a partida exigia estratégia diferente, cria a certeza de seu amadurecimento tático.

O mundo precisa de um livro sobre sua maneira de pensar futebol. Como Guardiola fez duas vezes, pelas mãos do jornalista Martí Perarnau, nas versões “Confidencial” e “Evolução.” Como Abel Ferreira fez em “Cabeça Fria, Coração Quente”, ou Vanderlei Luxemburgo, quando era o melhor do Brasil, em versão muito mais tímida chamada “O Campeão”, sobre a tríplice coroa do Cruzeiro.

A semana pode levar Diniz à sua primeira semifinal de Libertadores e Dorival Júnior à segunda. O melhor técnico do ano parece ser, outra vez, Abel Ferreira, há de se louvar o sucesso de Luís Castro para montar o Botafogo, mas é tempo de louvar o esforço de brasileiros, capazes de mostrar que conhecimento sobre futebol não tem nacionalidade.

Dorival Júnior é o único técnico da história das competições sul-americanas a vencer todas as partidas em uma temporada. Ganhou seis vezes na fase de grupos da Sul-Americana, pelo Ceará, e as sete do mata mata da Libertadores, pelo Flamengo, que ajudou a ser o oitavo campeão invicto em 63 edições.

Tentará a terceira virada, depois de San Lorenzo e Corinthians, para levar o São Paulo à segunda semifinal de Sul-Americana consecutiva.

Dorival é diferente de Diniz.

Não é revolucionário. Administra vaidades como poucos, a ponto de ser chamado no Centro de Treinamento da Barra Funda de “O Ancelotti brasileiro.” Como o italiano, sua maior capacidade é tirar o máximo de jogadores e escolher o lugar certo para eles. Lucas Moura, como ponta de lança, é um exemplo. Alisson, como volante, outro.

Por que não se fala aqui em Vanderlei Luxemburgo, que também pode levar o Corinthians à semifinal continental? Ele já foi o melhor, hoje não é, mas também poderá terminar a temporada como o mais vitorioso treinador brasileiro, se conquistar seu primeiro troféu internacional de clubes – ganhou a Copa América pela seleção.

Não é pouca coisa chegar aos 71 anos como técnico do Corinthians, o mais idoso da centenária história do clube.

Falamos em esperanças. Daí, o espaço para Diniz, 49 anos, e Dorival, 61. O conhecimento do exterior faz bem ao desenvolvimento tático do Brasileiro, melhor nesta edição do que há cinco anos.

Mesmo assim, é de se esperar uma mistura, que permita ter treinadores aqui e fora ganhando os principais títulos. Não precisa ser como a Inglaterra, onde um técnico nascido no país não ganha o campeonato desde 1992, quando Telê Santana, com a idade atual de Dorival, era campeão do mundo dando um show no Barcelona revolucionário de Johan Cruyff.

LUXEMBURGO

O Corinthians só perdeu 1 de seus últimos 15 jogos. Não tem jogado bem e salvou-se contra o Goiás com um gol a nove minutos do fim. Mas, diante da crise que encontrou, Luxemburgo faz bom trabalho. Escalar reservas no sábado (26) justifica-se pela decisão contra o Estudiantes e o clássico com o Palmeiras.

SAMPAOLI

A pressão sobre o técnico argentino, do Flamengo, só aumenta. Pela terceira vez, teve folga no meio de semana e não aproveitou o tempo de treino para vencer. Antes, empatou com o América e foi goleado pelo Bragantino. Agora, empate contra o Internacional e duas lesões musculares. Difícil entender o trabalho de Sampaoli.

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