Os críticos argumentam que os antissemitas de antigamente usavam características físicas, como narizes, barbas, cabelos ondulados e lábios grossos, para identificar os judeus. Já os nazistas elaboraram leis pseudocientíficas para definir quem era ou não judeu, levando em consideração a questão do sangue.
No entanto, para o autor do artigo, que se declara português e não possui essa capacidade de distinção, a menos que alguém se identifique como judeu, não há nada em sua aparência física que revele essa identidade. Ele se questiona sobre o que os críticos veem nos judeus que ele não consegue enxergar e ironiza ao perguntar se seria o nariz o único elemento distintivo.
Além disso, o autor aponta a contradição dos críticos, que por um lado querem judeus representando judeus, mas por outro não admitem qualquer racialização. Ele menciona o caso do ator Dustin Hoffman, que interpretou um personagem não judeu no passado, e ironiza que, se os críticos de agora existissem na época, Hoffman jamais teria tido a oportunidade de interpretar o personagem com a mesma intimidade.
Em outro ponto do artigo, o autor aborda a polêmica em torno do filme sobre Napoleão, dirigido por Ridley Scott. Grupos de ativistas pelos direitos das mulheres criticaram as cenas “calientes” entre Napoleão, interpretado por Joaquin Phoenix, e Josefina, interpretada por Vanessa Kirby. As ativistas questionam se essas cenas não estariam romantizando a violência doméstica.
O autor, no entanto, questiona se o termo “violência doméstica” seria um excesso de zelo para descrever as cenas íntimas entre o casal. Ele acrescenta que as informações históricas sobre o relacionamento entre Napoleão e Josefina estão longe das etiquetas modernas e menciona uma famosa mensagem que Napoleão enviou a Josefina.
Porém, o autor destaca a ironia de que, no ano de 2023, o que mais impressiona na biografia de Napoleão não é a violência com a qual ele subjugou a Europa e o Oriente Médio, mas sim os tapas íntimos a Josefina. Ele enfatiza que, atualmente, parece ser mais importante ser um exemplo de retidão entre os lençóis do que ser um ditador responsável por inúmeras mortes e pela reinstauração da escravidão. Ele termina o artigo com uma sugestão irônica para que alguém avise o presidente russo Vladimir Putin sobre essa nova perspectiva moral.