Segundo a defesa de Jair Renan, foram apreendidos um celular, um HD e alguns papéis com anotações particulares. O advogado Admar Gonzaga afirmou que o filho do ex-presidente não foi levado para prestar depoimento. Os mandados foram cumpridos em dois endereços de Jair Renan, um apartamento em Balneário Camboriú (SC) e outro em Brasília.
No total, a Polícia Civil do Distrito Federal executou cinco mandados de busca e apreensão e duas ordens de prisão como parte da operação, com o objetivo de reprimir crimes contra a fé pública, associação criminosa e crimes cometidos contra o erário do Distrito Federal.
O instrutor de tiro de Jair Renan, Maciel Carvalho, é o principal suspeito apontado pela investigação policial. Ele é considerado o mentor do esquema e foi preso preventivamente em Brasília. Carvalho já possui antecedentes criminais por falsificação de documentos, estelionato, organização criminosa, peculato, lavagem de dinheiro, corrupção ativa, uso de documento falso e disparo de arma de fogo.
Em 2023, o instrutor já havia sido alvo de duas operações: a “Succedere”, que investigava crimes tributários de uma organização criminosa envolvida na emissão ilícita de notas fiscais, e a “Falso Coach”, que apurava o uso de documentos falsos para registro e comércio de armas de fogo, além da promoção de cursos e treinamentos de tiro através de uma empresa em nome de um “laranja”. Na segunda operação, ele foi preso em flagrante por posse irregular de arma.
A investigação da Operação Nexum revelou que o grupo suspeito atuava através da inserção de funcionários “laranjas” para ocultar a verdadeira identidade dos proprietários de empresas fantasmas. Os policiais civis estão apurando se os investigados falsificaram relações de faturamento e outros documentos das empresas em questão, utilizando dados de contadores sem o consentimento deles para inserir declarações falsas.
A defesa de Jair Renan afirmou que não teve acesso aos autos da investigação ou informações sobre os fundamentos da decisão. Admar Gonzaga declarou que o filho do ex-presidente está surpreso, mas absolutamente tranquilo com o ocorrido. Até o momento da publicação deste texto, a defesa de Maciel Carvalho não havia sido localizada pela reportagem.
Desde março de 2023, Jair Renan exerce o cargo de auxiliar parlamentar pleno no escritório de apoio do senador Jorge Seif Júnior (PL-SC) em Balneário Camboriú, Santa Catarina. Seif é um dos principais aliados do ex-presidente no Senado e chefiou o Ministério da Pesca durante o mandato de Jair Bolsonaro, sendo chamado de “06”.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) criticou a operação da Polícia Civil do Distrito Federal que atingiu seu irmão, argumentando que causa estranheza o fato de Renan ser investigado por lavagem de dinheiro, sendo uma pessoa sem recursos. Ele expressou a esperança de que esse mesmo critério seja utilizado para todos, insinuando que existe uma perseguição contra Bolsonaro e seu círculo próximo.
Essas informações foram divulgadas pelo jornal O Estado de S. Paulo.