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Haddad enfrenta sabotadores e o ápice do tertismo: análise de Reinaldo Azevedo em 31/08/2023.

Recentemente, tenho observado a recorrente utilização da expressão “fazer a lição de casa” no discurso dos chamados liberais brasileiros ao se referirem aos governos. Essa expressão, que em minha opinião é imprópria, evoca a lembrança dos tempos de escola, onde a “tarefa” era uma obrigação a ser cumprida e um teste de disciplina. No entanto, os governos não são estudantes de calças curtas, e essa metáfora não se aplica adequadamente. Além disso, quando essa conversa é combinada com o “tersitismo”, a situação piora ainda mais.

Uma das principais críticas feitas pela turma a que me refiro ao arcabouço fiscal negociado pelo ministro Fernando Haddad, em nome do presidente Lula, é a excessiva dependência do crescimento da receita. Eles argumentam que o governo se recusa a fazer a tal “lição de casa”, que consistiria em cortar gastos. Essa corrente atualmente tem um porta-voz no Congresso, o senador bolsonarista Rogério Marinho. Ele chegou a chorar ao mencionar as supostas agruras vividas pelos golpistas presos, mas não parece ter visitado a Penitenciária Estadual de Alcaçuz ou demonstrado qualquer empatia verdadeira.

Ao se opor à recuperação do voto de desempate no Carf, o senador Marinho afirmou que o governo aumenta de forma irresponsável os gastos públicos e busca resolver seu problema com receitas não recorrentes. Vale ressaltar que o Carf é um conselho, não um tribunal, e que o Brasil era o único país do mundo onde o devedor tinha o poder de decidir se pagaria ou não a conta.

Enquanto isso, no mesmo dia em que senadores de diferentes partidos votaram contra o resgate do voto de qualidade, a Câmara aprovou a extensão até 2027 da desoneração da folha de salários de 17 setores. Essa medida resultará em uma perda de arrecadação de aproximadamente R$ 9,7 bilhões para o governo federal. Se a medida for estendida aos municípios, estima-se que haverá uma elisão de mais R$ 7,2 bilhões.

Enquanto alguns criticam o aumento da carga tributária sobre offshores e fundos exclusivos, outros não se manifestam sobre o ataque ao caixa público. Essa falta de coerência é questionável, pois revela uma postura ressentida e destrutiva. Conforme Hegel colocou em seu livro “A Razão na História”, esse tipo de postura revela uma inveja e um egoísmo que não produzem resultados no mundo.

Diante disso, é necessário que os críticos apresentem soluções concretas para a redução de gastos, com o apoio do Congresso, sem deixar de levar em conta a política e a base de apoio do governo. O “tersitismo”, ao contrário do espírito crítico, representa uma degeneração e uma alegria maligna. Portanto, é essencial que se faça a “lição de casa” de forma adequada e com responsabilidade.

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