O ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Marco Edson Gonçalves Dias, compareceu hoje pela manhã à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), onde prestou um dos depoimentos mais aguardados pelos membros da oposição. GDias adentrou o recinto protegido por um habeas corpus concedido pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), que lhe garantiu o direito de permanecer em silêncio durante seu depoimento.
Considerado uma figura-chave para o esclarecimento dos acontecimentos ocorridos no dia 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes bolsonaristas atacaram a Praça dos Três Poderes em protesto contra a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições presidenciais, Gonçalves Dias desperta grande interesse por parte da oposição, que o vê como peça fundamental para sustentar a narrativa de que o próprio governo foi omisso e permitiu a invasão de um patrimônio público de extrema importância simbólica para o Brasil.
Em depoimento prestado à CPMI dos Atos Golpistas no dia 1º de agosto, o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Saulo Moura da Cunha, revelou que Gonçalves Dias ordenou a retirada de alertas sobre a gravidade da situação do dia 8 de janeiro de um relatório que seria enviado ao Congresso Nacional. Cunha afirmou que tal ordem não era ilegal, estando de acordo com as normas do regimento da ABIN, mas a senadora Eliziane classificou tal ação como absurda. O primeiro relatório foi de fato encaminhado ao Congresso, enquanto o segundo foi enviado à Procuradoria Geral da República.
Possível presença de GDias no Palácio do Planalto
O senador Sérgio Moro (União-PR), em um requerimento, destacou a importância de ouvir o general para esclarecer aspectos relacionados à sua possível presença no Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro, conforme revelado por um vídeo divulgado pela CNN em abril deste ano, no qual é possível vê-lo dentro do prédio durante a invasão. Acredita-se que GDias possa fornecer informações cruciais que esclareçam as circunstâncias dessa presença.
O senador Magno Malta (PL-ES) também realizou um requerimento para a CPMI, no qual mencionou algumas das atribuições do GSI como órgão de segurança. Dentre elas, estão a análise e acompanhamento de questões de risco, a prevenção de crises, a coordenação das atividades de inteligência federal e de segurança da informação, a segurança pessoal do Presidente da República e a troca de informações para avaliação do risco de ameaça terrorista.