Em ato de repúdio, governo militar nigeriano prontamente remove embaixador francês de seu território. Prática diplomática questionada.

Na quarta-feira (23/08), o presidente francês, Emmanuel Macron, fez um apelo enfático pela “restauração da ordem constitucional” no Níger e pela libertação do presidente Bazoum, que foi vítima de um golpe militar. Macron declarou que esse golpe é um ataque contra a democracia no Níger, o povo do Níger e a luta contra o terrorismo.

Quatro dias após o golpe, centenas de apoiadores dos militares que tomaram o poder se manifestaram em frente à embaixada francesa em Niamey, causando danos às instalações. Para dispersar os manifestantes, gás lacrimogêneo foi utilizado e o regime acusou Paris de uso de armas, algo que o governo francês negou categoricamente.

No dia 3 de agosto, as novas autoridades do Níger anunciaram o cancelamento de uma série de acordos militares com a França, uma decisão que foi ignorada por Paris, que continua reconhecendo apenas Mohamed Bazoum como governante legítimo do país.

Organizações contrárias à presença militar francesa anunciaram que pretendem realizar manifestações a partir de 3 de setembro em frente à base militar francesa em Niamey, exigindo a retirada dos soldados.

A junta militar também acusou a França de violar repetidamente o espaço aéreo fechado por decisão do regime e de ter “libertado terroristas”, o que, para eles, configura um plano para desestabilizar o país. Mais uma vez, Paris negou veementemente essas acusações.

As manifestações de apoio à junta militar que assumiu o poder têm sido marcadas por slogans hostis à França e à Cedeao, enquanto a Rússia, que se beneficia dessa hostilidade contra Paris no Sahel, tem sido elogiada e aplaudida.

O Níger segue os mesmos passos do Mali e Burkina Faso, onde já não há embaixador francês. Esses dois países, também liderados por militares que tomaram o poder pela força e enfrentam a violência jihadista desde 2020 e 2022, manifestaram solidariedade aos generais de Niamey, afirmando estar prontos para lutar ao lado do exército nigerino em caso de emergência.

Essa situação evidencia a crescente tensão entre a França e alguns países do Sahel, que questionam a eficácia da presença militar francesa na região e buscam novas parcerias. O confronto entre os interesses franceses e as demandas dos países da região ameaça a estabilidade e a luta contra o terrorismo no Sahel.

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