Costumo dizer que a melhor analogia para o controle de nossas finanças é como as finanças de empresas são realizadas.
Então, pense em uma empresa e alguém diz que o primeiro passo para se atingir os objetivos é vender. Será que isso seria o mais adequado? Qualquer nível de venda resolve? A venda de qualquer mix de produtos vai te fazer chegar ao objetivo? O que pode ser feito com os recursos da venda?
O primeiro passo de qualquer jornada é o planejamento. Não se monta uma empresa sem um planejamento. Também não se inicia um plano para aposentadoria ou independência financeira sem um planejamento.
Sem um plano, tudo é possível e nada é alcançado.
Sem um plano, você não sabe quais seriam os produtos adequados a se investir, se está poupando o que deveria, ou se pode gastar parte do que poupou. Este último tópico é um dos maiores detratores dos planejamentos malfeitos. Tenho vários exemplos deles, mas vou contar que ocorreu no mês passado.
Um indivíduo com um portfólio de aproximadamente R$ 1 milhão me disse: preciso trocar de carro. O valor do adicional se aproximava de R$ 150 mil. Ou seja, 15% do valor de seu patrimônio.
Tenho certeza de que alguém aqui vai comentar: mas, guarda-se dinheiro para isso. Sim, parte do dinheiro deve ser usado para lazer, satisfações pessoais. Entretanto, apenas se essa despesa consta do plano.
Sim, o planejamento financeiro vai incluir, além de suas despesas ordinárias, os objetivos intermediários como, por exemplo, viajar, trocar de automóvel e outras aquisições.
Normalmente, os indivíduos que desejam satisfazer uma vontade de curto prazo justificam ela com o “Eu preciso …”, por exemplo, “Eu preciso viajar”, “Eu preciso trocar o celular”, “Preciso comprar outro imóvel” ou “Eu preciso trocar de carro”. Você quer ou precisa? Por que precisa?
Parece algo inocente gastar 15% de suas reservas em um bem. Afinal, para quem tem R$ 1 milhão, que mal faz compra um bom carro?
Entretanto, essa atitude pode comprometer todo um plano para a aposentadoria.
Imagine que esta pessoa que “precisava” adquirir um carro tivesse 52 anos e pretendesse se aposentar com 60 anos ganhando um adicional ao INSS de R$ 8,3 mil.
Este indivíduo demorou 30 anos poupando R$ 1,25 mil para chegar à soma atual de R$ 1 milhão. Foram necessários mais de 15 anos de poupança para alcançar os R$ 150 mil iniciais.
Esses R$ 150 mil seriam responsáveis por uma receita de R$ 1,15 mil mensais por 30 anos até atingir os 90 anos.
Este é só um exemplo de como a ausência de um plano pode prejudicar e te levar, inocentemente, a tomar decisões erradas.
Em um plano financeiro, serão definidos itens como objetivos de curto, médio e longo prazo, produtos mais adequados, faixas de retorno aceitáveis, restrições de risco, poupança necessária, despesas esperadas, dentre outros.
Também não adianta construir um plano e não ter a disciplina de segui-lo, pois construir um plano financeiro é como construir uma estrada.
Entretanto, assim como a existência de uma estrada não garante que você chegue a algum lugar se não a percorrer, o planejamento financeiro só vai te levar ao seu objetivo se você percorrer o caminho sem desvios. Mas, sem a estrada, dificilmente se chega.
Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.
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