Ao longo dos dias de encontro, uma nova tendência ganhou destaque: o Brics passou a assumir contornos geopolíticos e ideológicos mais nítidos. A principal novidade desta cúpula foi a expansão do grupo de cinco para onze membros. Agora, além dos países originais, Argentina, Etiópia, Irã, Arábia Saudita, Emirados Árabes e Egito também integram o bloco.
Essa expansão, moldada ao gosto da China, dá ao Brics a aparência de uma plataforma de lançamento dos interesses chineses na guerra anti-hegemônica que trava com os Estados Unidos. O país asiático foi um dos protagonistas do encontro, especialmente com a figura do presidente Xi Jinping, que acabou assumindo o papel de protagonista internacional, deixando o ex-presidente brasileiro Lula como um mero coadjuvante nessa ocasião.
Desde o início de seu mandato, Lula tem buscado recuperar o protagonismo internacional do Brasil. Contudo, suas expectativas de exercer essa liderança no encontro do Brics não se concretizaram. O presidente chinês, com sua influência assertiva e domínio da economia mundial, acabou roubando a cena.
Essa mudança de foco e ampliação do bloco trouxe à tona questões geopolíticas e ideológicas que antes estavam em segundo plano. Agora, o Brics enfrentará o desafio de manter sua união e cooperação em meio a interesses diversos e até conflitantes de seus membros. A influência da China, sua principal economia, será um fator determinante nesse processo.
A 15ª Cúpula do Brics, portanto, marca uma guinada na trajetória do bloco. O aspecto econômico, que antes era predominante, agora divide espaço com questões geopolíticas e ideológicas. Resta aguardar para ver como essas mudanças irão impactar os rumos do bloco e como os onze membros irão atuar e cooperar em meio a essa nova configuração.