A escolha do yuan como forma de pagamento se deve ao fato de a Argentina possuir um acordo de financiamento com a China. Os bancos centrais dos dois países têm um acordo de swap bilateral, no qual há a compra e venda de moedas com compromisso de prazo, taxa, quantidade e condições de uso definidas. Nos últimos meses, a Argentina tem utilizado empréstimos, incluindo os da China, para pagar parte de sua dívida com o FMI. Quando realiza um desembolso com o FMI, o país devolve os yuans aos chineses.
A Argentina enfrenta uma situação delicada em relação às suas reservas internacionais, que são moedas fortes de aceitação internacional que os governos mantêm para situações emergenciais e estabilização da taxa de câmbio. Mais uma vez, a Argentina se encontra em uma situação de dificuldades financeiras e com um acordo complicado de financiamento com o FMI.
Desde 2009, a Argentina realiza acordos de swap com a China. A China, por sua vez, tem multiplicado esses acordos pelo mundo desde a crise financeira global de 2008, com o objetivo de conter crises em seus parceiros comerciais, especialmente no leste da Ásia. O Banco Central dos EUA, o Fed, também realiza acordos de swap em momentos de crise, oferecendo dólares para estabilizar mercados de seus aliados, incluindo o Brasil.
No entanto, a China busca ir além desses acordos. O país oferece financiamentos para seus parceiros, visando impulsionar suas exportações, investimentos externos e aumentar o uso do renminbi em transações e reservas internacionais. A presença do renminbi ainda é baixa em comparação com outras moedas globais, sendo que apenas 2,6% das reservas internacionais estão em yuans.
Atualmente, a maioria das transações internacionais utiliza o dólar como moeda de troca, seguido pelo euro, libra, iene e, por último, o yuan. A China possui um sistema similar ao Swift, chamado Cips, que tem transações equivalentes a apenas 2,5% do valor do Swift. É importante ressaltar que a China é responsável por 15% das exportações mundiais e é líder em investimento externo “produtivo”.
Para que o yuan se torne uma moeda de aceitação internacional, é necessário que a China atenda a algumas condições, como manter a estabilidade econômica, ser aceita no comércio internacional, ser aplicada em grandes e seguros mercados financeiros e permitir a entrada e saída do país emissor com facilidade. A internacionalização do yuan é um processo que deve levar décadas, mas a China está empenhada em se tornar uma potência global.