Belém, capital do Pará, pode sediar a COP30, a conferência de mudanças climáticas da ONU, em 2025. Essa iniciativa do Brasil foi elogiada por Ban Ki-moon, ex-secretário-geral das Nações Unidas, durante sua participação na Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias, promovida pelo Instituto Brasileiro de Mineração. Para o sul-coreano, o Brasil é uma referência global no combate às mudanças climáticas, principalmente por abrigar a floresta amazônica.
Ki-moon ressaltou que as alterações no clima, intensificadas após a pandemia de Covid-19, estão prejudicando a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU e aumentando as desigualdades sociais. Ele aderiu ao grupo de economistas que pediu metas mais ambiciosas para combater a desigualdade e a disparidade de renda em uma carta aberta ao secretário-geral da ONU e ao presidente do Banco Mundial.
Além disso, Ki-moon alertou sobre os efeitos das mudanças climáticas no mundo. Incêndios, secas, inundações e as consequentes desabrigagens e movimentos populacionais em massa estão aumentando o risco de fome e doenças. O ex-secretário-geral citou casos na Grécia e Havaí como exemplos dos impactos já presentes.
O Brasil já sofre com essas alterações no clima, como as chuvas torrenciais que resultaram nas maiores inundações registradas em 24 horas na história do país. Ki-moon ressaltou que a maioria dos países busca zerar as emissões até 2050, mas grandes emissores, como a China, podem levar mais tempo para alcançar esse objetivo. A temperatura média já está 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, e a contenção do aumento da temperatura se torna cada vez mais crucial para a sobrevivência.
O ex-secretário-geral ainda alertou para a possibilidade de um sexto episódio de extinção em massa nos próximos cem anos. Ele ressaltou que as ações tomadas pela geração atual definirão a vida no planeta nas próximas décadas.
Em relação ao setor de mineração, historicamente prejudicial ao meio ambiente, o Brasil busca se inserir na agenda de sustentabilidade. O presidente do Instituto Brasileiro de Mineração destacou que a conferência em Belém tem como objetivo envolver o setor na transição para uma economia de baixo carbono. Grandes empresas como Vale, Alcoa e Sigma Lithium participam do evento e detalham suas iniciativas socioambientais nessa transição.
O governador do Pará, Helder Barbalho, afirmou durante a conferência que o combate ao desmatamento avançou no estado. Ele destacou a intenção de desenvolver a bioeconomia, investir em inovação e pesquisa e promover negócios sustentáveis. O objetivo é propor um modelo de desenvolvimento para uma economia de baixo carbono que preserve a floresta amazônica.
A repórter viajou a convite do Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração).