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Bolsonaro e aliados são interrogados pela PF sob intensa pressão em relação às joias – 30/08/2023.

A Polícia Federal iniciou hoje uma série de depoimentos que envolvem várias pessoas ligadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Entre os depoentes estão o próprio Bolsonaro, sua esposa Michelle Bolsonaro, três assessores de confiança, um general e dois advogados do ex-presidente. Todos estão sendo ouvidos simultaneamente no mesmo dia.

Esses depoimentos fazem parte de uma investigação sobre o suposto desvio, venda, recompra e devolução de presentes de alto valor recebidos por Bolsonaro de autoridades estrangeiras. De acordo com a Polícia Federal, joias e relógios foram negociados nos Estados Unidos e posteriormente alvo de uma operação para recuperá-los, supostamente coordenada por Mauro Cid e pessoas próximas ao ex-presidente.

O objetivo da PF ao realizar os depoimentos simultâneos é evitar que os investigados combinem as respostas e versões dos fatos. O ministro Alexandre de Moraes, do STF, até mesmo proibiu qualquer comunicação entre os envolvidos para evitar a possibilidade de um ajuste de versões.

Bolsonaro é o principal alvo dessa investigação, pois seu envolvimento no suposto desvio de dinheiro público é colocado em cena pela primeira vez. Segundo a PF, o ex-presidente teria utilizado a estrutura do governo federal para desviar presentes de alto valor, o que configura enriquecimento ilícito.

A PF descobriu indícios desse suposto enriquecimento através de mensagens e do uso de uma aeronave da Força Aérea Brasileira para levar os presentes aos Estados Unidos. As mensagens também indicam que o dinheiro proveniente das vendas dos objetos retornava para o bolso do ex-presidente.

Durante os depoimentos, Bolsonaro será questionado sobre seu envolvimento na operação e sobre os lucros obtidos com a negociação dos presentes. Sua defesa nega qualquer irregularidade e já disponibilizou o sigilo bancário do ex-presidente ao STF. De acordo com os advogados, os presentes recebidos eram itens pessoais e, portanto, não haveria nenhuma irregularidade em uma eventual venda.

Além de Bolsonaro, Michelle Bolsonaro também teve seu sigilo fiscal e bancário quebrado por autorização de Moraes. Ela aparece nas conversas dos assessores de Bolsonaro durante o período em que os presentes estavam sendo negociados.

Mauro Cid, ex-chefe da Ajudância de Ordens de Bolsonaro, é considerado o principal personagem dessa trama investigada. São as conversas encontradas em seu celular que guiaram a PF até os detalhes da tentativa de venda e recuperação dos presentes. Agora, ele está preso e há a possibilidade de que ele confesse ter vendido e recuperado os objetos a pedido do ex-presidente.

Outros envolvidos nos depoimentos são Osmar Crivelatti e Marcelo Câmara, colegas de Cid na Ajudância de Ordens, e os advogados Frederick Wassef e Fabio Wajngarten. A PF busca informações sobre quem ordenou a tentativa de reaver os presentes através dessas pessoas. Wassef já assumiu ter recomprado um dos presentes, mas isentou Bolsonaro e Cid de envolvimento nos fatos.

Essa investigação demonstra a gravidade das acusações envolvendo o ex-presidente e sua esposa, que vão além de problemas políticos e têm como foco as possíveis irregularidades cometidas no exercício de seus cargos. O desenrolar desse caso certamente terá impacto nas consequências jurídicas e políticas para Bolsonaro e seu entorno.

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