Ao contrário do Ocidente, onde as miniaturas são vistas como um hobby há muito tempo, a prática na China é relativamente nova e tem sido uma forma de lidar com a rápida modernização do país. Nas últimas décadas, a China passou de um dos países mais pobres do mundo para a segunda maior economia, resultando em um aumento significativo na urbanização e na demolição de casas antigas. Muitos chineses viram sua infraestrutura de infância desaparecer devido a campanhas de reurbanização, deixando-os com uma sensação de perda e nostalgia.
As miniaturas oferecem uma maneira de as pessoas se reconectarem com seu passado e encontrarem prazer espiritual quando todas as suas necessidades materiais são satisfeitas, explicou Shen. Embora ainda seja um nicho na China, os artistas que se dedicam a criar essas miniaturas ganharam seguidores nas redes sociais, acumulando centenas de milhares de curtidas em suas postagens. Shen, por exemplo, tem 400 mil seguidores no Douyin, o TikTok da China.
Cada artista tem seu próprio estilo e abordagem para criar miniaturas. Alguns se baseiam em fotografias fornecidas pelos clientes, enquanto outros têm que trabalhar apenas com memórias. O processo de criação é um exercício de intimidade e colaboração, onde o artista envia representações digitais da miniatura para o cliente e vai ajustando detalhes ao longo do processo. Para os clientes mais desesperados em recuperar a imagem de sua antiga casa, que não possuem fotos, o desafio é ainda maior.
Embora alguns espectadores mais jovens possam achar confusa a vontade de documentar essas casas antigas, ainda há aqueles que tiveram experiências e anseiam pelo estilo de vida mais antigo. Um jovem aprendiz de artista chamado Lu Qinghuan, por exemplo, escolheu abandonar a competição por empregos em escritórios e se dedicar em tempo integral à criação de miniaturas após se formar na faculdade. Ele sentiu um forte desejo de preservar a memória de sua cidade natal e a importância de seu avô, um professor de escola primária que o incentivou na educação.
Através dessas miniaturas, as pessoas conseguem reviver momentos do passado e compartilhar histórias com suas famílias. A réplica da antiga casa de infância de Li Shanshan, por exemplo, se tornou uma fonte de discussão e reunião familiar, levando-a a considerar até mesmo levar a miniatura em uma turnê para mostrar aos parentes que moram em outras partes da China.
No final das contas, as miniaturas têm sido uma maneira de preservar o passado e lidar com as mudanças rápidas e modernização da China. Apesar de ninguém querer voltar a viver nessas casas antigas, elas representam uma conexão com as memórias e a identidade de cada um. E enquanto a China continua se desenvolvendo, essas miniaturas continuarão a servir como uma forma de relembrar e valorizar o passado.