Sinais de estresse nas operações da Hawaiian Electric já eram evidentes antes do incêndio. Em 2019, a própria companhia citou o risco de incêndios e afirmou estar estudando as medidas adotadas por concessionárias de serviços públicos na Califórnia para lidar com ameaças semelhantes. No entanto, somente no ano passado a empresa solicitou autorização para gastar US$ 190 milhões em fortalecimento de postes de energia e outros equipamentos, um pedido que ainda está pendente de aprovação.
Um vídeo divulgado mostra uma linha de energia da Hawaiian Electric lançando faíscas e incendiando grama seca horas antes do incêndio devastar a cidade de Lahaina. Além disso, dados de sensores indicam falhas nos sistemas da empresa assim que o vento aumentou.
Especialistas em energia afirmam que a falta de manutenção e melhoria das redes elétricas por parte das concessionárias de serviços públicos nos Estados Unidos não é exclusividade da Hawaiian Electric. Essa negligência tem sido observada há décadas, e reguladores e legisladores pouco fizeram para enfrentar o problema.
Uma das dificuldades enfrentadas pela Hawaiian Electric é o fato de operar em um estado formado por várias ilhas espalhadas por uma grande distância. Isso implica em altos custos de importação de combustível para alimentar usinas de energia, o que torna mais desafiador o investimento em atualizações na rede elétrica.
A proposta de US$ 190 milhões da empresa incluiria a substituição de postes de energia antigos e o controle da vegetação ao redor deles para evitar riscos de incêndio. Porém, críticos afirmam que muitos postes da empresa não eram fortes o suficiente para resistir aos ventos que atingiram Lahaina, e a falta de controle da vegetação invasora ao redor desses postes tem sido um problema recorrente.
A Hawaiian Electric alega já ter investido milhões em manejo de vegetação e substituição de equipamentos desde 2018, mas especialistas acreditam que a empresa poderia ter tomado medidas adicionais. Programas de desligamento de energia, como os adotados na Califórnia quando há risco de incêndios, poderiam ter sido estabelecidos em consulta com autoridades locais e serviços de emergência.
A empresa tem defendido suas ações, afirmando que não desligou a energia em Lahaina devido à necessidade de manter as bombas de água em funcionamento. No entanto, críticos argumentam que a empresa tem sido lenta em lidar com os desafios impostos pelas mudanças climáticas e que já sabia da vulnerabilidade da região de Lahaina há muitos anos.
Em resumo, a Hawaiian Electric enfrenta críticas por sua falta de preparação diante de condições climáticas extremas e por não ter adotado planos de emergência eficazes. Especialistas em energia e legisladores apontam para a necessidade de investimentos e ações mais assertivas por parte da empresa e do governo do Havaí para evitar futuros desastres e proteger a população.